Especial Transbrasil: o Jatão

Ainda quando Sadia, a empresa de Omar Fontana encomendou, em 1969, dois exemplares do BAC One-Eleven da série -500, a maior variante do modelo. Meses depois, mais uma unidade foi encomendada.

Antes das aeronaves chegarem, foi sugerido à Sadia o arrendamento dos dois BAC 1-11 da Vasp, uma vez que a empresa havia decidido padronizar sua frota com o 737-200 e iria se desfazer dos jatos britânicos. A aérea paulista voava com uma dupla da série 400 e sua menor capacidade não atendia aos planos de expansão de Omar Fontana. Ficou decidido então arrendar um BAC 1-11 série 500 da argentina Austral. A aeronave chegou em setembro de 1970, foi matriculada como PP-SDP e ganhou os títulos da Sadia na fuselagem, mantendo a pintura básica da Austral.

Uma sequência de voos com convidados e também de treinamento de tripulantes foi realizada com o avião, que acabou ganhando o apelido de “Jatão”. Em 15 de outubro daquele ano, chegou em São Paulo o primeiro One-Eleven da encomenda original. Configurada com 86 assentos (12 na Primeira Classe e 74 na Econômica), a aeronave recebeu a matrícula PP-SDQ e ganhou as cores verde e dourada. O Jatão foi introduzido em serviço regular nove dias depois, em 24 de outubro. A empresa aproveitou para lançar novidades, como novos uniformes, as “Anfitriãs do Ar” (comissárias chefe de cabine que supervisionavam todo o serviço a bordo) e o “Cisne Real”, um serviço de bordo de altíssimo padrão lançado para promover a nova aeronave.

Em dezembro de 1970, chegou o terceiro One-Eleven da Sadia, o PP-SDR, e, em janeiro do ano seguinte, a companhia se despediu do PP-SDP, devolvendo-o à Austral. De início, os One-Eleven estavam atendendo oito cidades brasileiras: São Paulo (Congonhas), Belém, Recife, Fortaleza, Salvador, Rio de Janeiro, Brasília e Porto Alegre.

Em 1972, veio a mudança de nome passando de Sadia para Transbrasil. A ideia de Omar Fontana era mostrar que a sua empresa aérea tinha abrangência nacional e os Jatões da companhia, assim como as outras aeronaves da frota, ganharam os títulos Transbrasil.

O BAC 1-11 trouxe uma inovação não só para a empresa, como também para a aviação brasileira: ligações a bordo. O serviço inédito na época foi estreado em julho de 1972.

Em setembro daquele ano, a Transbrasil recebeu seu terceiro One-Eleven da encomenda original. De matrícula PP-SDS, a aeronave estreou a nova identidade visual da companhia, com cores vibrantes e variadas. O avião foi apelidado de “salsichão”.

Em 1973, a empresa recebeu mais dois One-Eleven, PP-SDT e PP-SDU, fechando o ano com cinco exemplares. Ambos não eram novos de fábrica e haviam voado anteriormente na British Midland.

O ano seguinte começou com uma perda. Em 1º de fevereiro de 1974, o PP-SDQ (primeiro One-Eleven original da companhia) saiu da pista ao pousar em Congonhas no meio de uma forte chuva. Ninguém se feriu gravemente, no entanto, o Jatão se partiu ao meio e não pode ser recuperado. Essa foi a primeira perda total de um jato da Transbrasil.


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Ainda em fevereiro, a companhia recebeu mais um BAC 1-11, o PT-TYY, o primeiro a vir com a matrícula “PT”. Naquele ano, chegaram os três últimos One-Eleven incorporados pela TBA: PP-SDV, PT-TYW e PT-TYV. Os dois últimos mencionados voaram anteriormente na inglesa Court Line e, quando incorporados pela Transbrasil, continuaram voando com as cores do antigo operador, que também pintava suas aeronaves com cores variadas. A dupla tinha a pintura em tons da cor rosa e, por este motivo, ganhou o apelido de “Panterinha” por conta do filme Pantera Cor-de-Rosa.

Em 1974, a Transbrasil fechou um acordo com os Correios e começou a transportar carga postal a bordo do Jatão. Tais operações aconteciam de noite e em três linhas.

O One-Eleven era confortável e razoavelmente silencioso aos passageiros. Tinha escada retrátil na porta dianteira e na seção traseira. Os problemas com manutenção eram poucos e a Transbrasil conseguia cumprir os voos com ótima regularidade. No entanto, Omar Fontana já começava a estudar um outro tipo de aeronave para a empresa com maior capacidade e o escolhido foi o Boeing 727.

A Transbrasil começou então a tirar o BAC 1-11 de cena gradativamente a partir de 1975, com a saída do PP-TYW. Em janeiro de 1977, outro Jatão se acidentou. Ao realizar um pouso duro em Campinas, o trem de pouso frontal do PP-SDS colapsou. A aeronave não voltou a voar novamente. Após o incidente, a frota de One-Eleven da empresa se resumia em três exemplares. Mais dois foram devolvidos em 1977 e somente o PP-SDU ficou em atividade.
Com sua pintura de tons de azul, o último Jatão se despediu da Transbrasil em abril de 1978, marcando assim o fim das atividades do modelo não só na companhia, como também por operadores brasileiros. Ao todo, a Sadia/Transbrasil voou com dez exemplares do BAC 1-11, todos da série -500.

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