Relembre: a Vasp e o Airbus A300

Lançado no final da década de 60, o A300 foi a primeira aeronave desenvolvida e produzida pela Airbus e foi essencial para consolidar o nome da fabricante em um mercado na época disputado por McDonnell Douglas, Boeing, Lockheed, entre outras.

Em 1980, o jato, que foi o primeiro widebody bimotor do mundo, chegou ao Brasil para voar na Cruzeiro, marcando a estreia da Airbus no País, no entanto, a primeira interessada no modelo foi a TransBrasil. A aérea de Omar Fontana não recebeu o A300 porque a compra foi vetada pelo DAC.

Depois da Cruzeiro e da Varig, o primogênito da Airbus ganhou as cores da Vasp. O contrato entre a companhia estatal do Governo do Estado de São Paulo e a fabricante foi assinado em outubro de 1980. A Vasp  adquiriu três unidades do A300B4, além também de nove A310, mas por conta de uma interferência do DAC, a empresa foi autorizada a adquirir somente o A300-B2K, que não tinha o tanque de combustível central, proporcionando um alcance menor ao jato.

Em Toulouse. Foto: Arquivo Flap

Os dois primeiros, PP-SNL (MSN 202) e PP-SNM (MSN 205), chegaram ao Brasil com poucos dias de diferença em novembro de 1982, ambos no Aeroporto de Congonhas, onde foram recebidos com festa. A companhia aproveitou os aviões para lançar seu novo esquema visual.

Chegada em Congonhas. Foto: Arquivo Flap

O terceiro, PP-SNN (MSN 225), chegou em janeiro do ano seguinte. Para promover seus novíssimos A300, a Vasp os apelidou de Epaminondas, enfatizando em uma campanha publicitária o tamanho da aeronave.

Entre junho de 1990 e junho de 1991, o PP-SNN foi repassado à Lloyd Aéreo Boliviano, empresa que, naquela época, passava a fazer parte do grupo Vasp Air System.

Configuração Interna

O trio de A300-B2K da aérea paulistana ganhou a configuração para 240 passageiros, com 26 assentos na Executiva e 214 na Econômica.

Rotas

A Vasp os escalou inicialmente para operar duas linhas a partir de Congonhas. Ambas conectavam o terminal paulista com Manaus, mas com escalas intermediárias diferentes. Uma contava somente com uma parada em Brasília, enquanto a outra tinha escalas no Rio de Janeiro/Galeão, Salvador, Recife, Fortaleza e Belém, antes de chegar na capital amazonense.

Foto: Arquivo Flap

Em 1984, a companhia começou a empregar os bimotores da Airbus também em voos internacionais para Aruba e Orlando, mas por conta do alcance limitado, era necessária a realização de escalas em Brasília ou Manaus. Buenos Aires e Porto Alegre também passaram a fazer parte da malha do trio.

Foto: Arquivo Flap

Com a inauguração de Guarulhos no ano seguinte, a Vasp deixou de operar com o A300 em Congonhas e transferiu as linhas do jato para o novo terminal.

Foto: Arquivo Flap

Os voos que se tornaram, com o tempo, emblemáticos para o A300 na Vasp foram o VP290 (Guarulhos-Brasília-Manaus) e VP291 (Manaus-Brasília-Guarulhos).

Parando aos poucos

No final da década de 1990, a Vasp começava a atravessar uma turbulência, que foi se tornando cada vez mais severa. A empresa devolveu todos os seus MD-11s, conhecidos como “Astros da Vasp”, entre 1998 e 2001, ano em que um de seus A300 foi estacionado e jamais voltou a voar.

O PP-SNL foi retirado da malha de voos comerciais para a realização de um Check D nas instalações da companhia em Congonhas. A manutenção nunca foi concluída, o SNL jamais voltou aos céus e acabou sendo canibalizado. Suas peças foram reutilizadas nos outros dois ainda ativos.

SNL abandonado em CGH- Foto: Flávio M. Souza
SNL sendo desmontado em CGH. Foto: Flávio M. de Souza

Três anos mais tarde, em 2004, um dos motores do PT-SNN explodiu durante a decolagem de Recife. A aeronave regressou à capital pernambucana monomotor. Para conseguir trasladar o exemplar até São Paulo, a Vasp retirou um dos motores do SNM e o “emprestou” para o SNN. A empresa não tinha motores reservas para o modelo naquele momento.

O SNN foi trasladado com sucesso para Guarulhos e o motor devolvido ao SNM. Posteriormente, o SNN teve seu motor substituído, mas logo precisou parar para efetuar um Check C, que também não foi realizado e o jato acabou não decolando mais, ficando em Congonhas até 2012, quando foi desmontado.

SNN abandonado em CGH. Foto: Flávio M. de Souza

O fim do SNM foi em Guarulhos. Ele estava por lá quando o DAC impediu a Vasp de voar. O exemplar foi arrematado em um leilão, mas seu proprietário não o retirou dentro do prazo determinado e o SNM acabou desmanchado na madrugada de 17 de fevereiro de 2016.

SNM abandonado em GRU. Foto: Flávio M. de Souza

Foram 22 anos de operações ininterruptas do A300 na Vasp e essa história acabou sem nenhum exemplar preservado.

Bônus: fotos do ensaio air-to-air com o PP-SNL ainda com a matrícula francesa F-WZMJ:

Assista também à este vídeo com detalhes do serviço: Vasp A300

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Um Comentário

  1. Gostaria de confirmar se a VASP também não contou com um A300B2K de prefixo PP-SNI (talvez temporariamente). Lembro-me vagamente desse prefixo.

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