Pouso no Mar do Caribe: conheça a história do voo 980 da Overseas

Era dia 2 de maio de 1970, quando o voo 980 partiu de Nova York rumo ao Aeroporto Princesa Juliana, na ilha de St. Maarten, no Caribe. O trajeto era um voo regular entre as localidades efetuado pela Overseas National Airways por uma aeronave arrendada da ALM Dutch Antillean, uma subsidiária da KLM.

Operado pelo então novíssimo DC-9-33 de matrícula N935F e sob os comandos de Balsey DeWitt e do copiloto Harry Evans, o voo 980 decolou às 11h14 da manhã do Aeroporto JFK, em Nova York. O tempo na ilha caribenha não estava bom, tampouco durante o trajeto.

Foto: MD-80.com

O jato estabilizou nos 29 mil pés durante o voo de cruzeiro e encontrou tempestades a cerca de 750 milhas náuticas a sudeste de Nova York. A tripulação realizou os desvios necessários, reduziu a velocidade para penetrar na turbulência e desceu para o nível FL270 (27 mil pés).

Quando estava a 400 milhas náuticas de St. Maarten, novas tormentas apareceram no caminho do DC-9, que necessitou novamente realizar desvios e solicitou descida para 25 mil pés. O pouso em St. Maarten estava estimado para às 15h (local). Por volta das 14h40, os pilotos receberam o aviso do controle de San Juan, em Porto Rico, de que a meteorologia no Aeroporto Princesa Juliana havia piorado. Tomou-se então a decisão de alternar para o aeroporto porto-riquenho. No entanto, 5 minutos após o aviso, os controladores de St. Maarten comunicaram que as condições climáticas estavam melhorando e o comandante decidiu seguir para o destino original. Neste momento, o DC-9 já havia consumido 10.485 kg de combustível e estava com 2.635 kg.

Às 15h08 (local), o jato interceptou o NDB do Aeroporto Princesa Juliana e o controlador alertou que o teto operacional havia reduzido novamente. Sete minutos depois, a tripulação pôde avistar a pista, no entanto, ela já estava muito próxima e a aeronave não estava totalmente alinhada. O comandante DeWitt decidiu arremeter com uma curva à esquerda para uma nova tentativa. Após cerca de 4 minutos, a segunda tentativa também precisou ser abortada devido à dificuldade em alinhar o jato com a pista.

Em uma terceira tentativa de pouso, a tripulação finalmente conseguiu manter o bimotor alinhado, mas notou que estavam mais altos do que deveriam. Potência dada nos motores e o DC-9 arremeteu mais uma vez.

Uma forte chuva na perna base atrapalhava o procedimento para pouso. Em uma rápida conversa entre os três membros da cabine, decidiu-se alternar para St. Thomas e o navegador Hugh Hart comunicou aos controladores a decisão. O pouso nas ilhas Virgens Americanas estava estimado para às 15h31 (local), no entanto, a tripulação foi surpreendida com um alerta vindo do painel, avisando que restavam apenas 396 kg de combustível.

“Não pode ser verdade”

Balsey DeWitt

A tripulação não acreditava na situação. O controlador de San Juan entrou em contato com o DC-9 questionando qual nível de voo desejado para voar até St. Thomas. DeWitt respondeu, preocupado, dizendo que precisaria de um nível mais alto, pois estava com pouco combustível.


LEIA TAMBÉM: 


O navegador Hart sugeriu aos comandantes alterarem o aeroporto de alternativa para para St. Croix, que era 10 nm mais próximo do que St. Thomas. Em contato novamente com San Juan, a solicitação para St. Croix foi aprovada e o bimotor fez uma curva à esquerda para seu novo destino.

O DC-9 entrou em uma nebulosidade e os tripulantes decidiram descer a aeronave para 5 mil pés. O controle autorizou e enquanto desciam para tal altitude, o comandante disse que talvez seria melhor eles se programarem para um pouso forçado na água.

“Ok, talvez eu precisarei pousar este avião na água”

Balsey DeWitt para o controle de San Juan

Os tripulantes entraram em contato com San Juan alertando que talvez iriam pousar na água mesmo. Hart falou com as comissárias comunicando sobre o possível pouso e solicitando orientações para os passageiros colocarem os coletes salva-vidas. As três aeromoças auxiliaram os ocupantes com os coletes enquanto os comandantes se preparavam para o pouso forçado.

Às 15h48, o jato estava a apenas 500 pés de altitude, já abaixo da formação de nuvens e enfrentando forte chuva. Os indicadores alertaram que os motores iriam desligar por conta do combustível e o comandante alertou San Juan que eles realmente pousariam na água.

Enfrentando ventos e chuva, os tripulantes posicionaram a aeronave para a amerissagem, baixaram os flaps em 15º, reduzindo assim a velocidade. Logo em seguida, os motores se desligaram e o flap foi colocado em posição full.

As comissárias e o navegador tentavam coordenar a cabine dos passageiros. Alguns estavam levantados, outros aflitos, alguns tranquilos e outros acreditando que a aeronave estava realmente pousando em St. Croix.

O DC-9 tocou o Mar do Caribe em meio a tempestade e grandes ondas a cerca de 30 milhas de St. Croix e ficou intacto. A princípio, os passageiros que se feriram eram os que estavam em pé ou sem cinto, que acabaram arremessados por conta do impacto. Quando a aeronave “parou”, os tripulantes trataram de iniciar a abertura das portas para a evacuação dos ocupantes e também inflar os botes salva-vidas.

Um dos últimos a sair da aeronave, o comandante olhou para ver se não havia mais nenhum passageiro a bordo e instantes após sua saída da aeronave, o DC-9 desapareceu entre as ondas, afundando no Mar do Caribe.

Resgate e Conclusão

Aeronaves de resgate chegaram na região para arremessar mais botes salva-vidas. Os dois primeiros arremessados caíram muito longe dos sobreviventes. Cerca de 1h30 após a ocorrência, helicópteros da marinha norte-americana começaram a chegar no local e a içar um a um dos sobreviventes.

Das 63 pessoas a bordo, 40 sobreviveram e o DC-9 afundou a mais de 1.500 m.

O NTSB foi o responsável pela investigação do caso e concluiu que o principal motivo da queda foi uma falha no gerenciamento do combustível pela tripulação. O órgão também pontou que as chances de sobrevivência diminuíram por conta da forte tempestade no local.

Você conhecia essa ocorrência? Conte para nós:

-> ASSINE AQUI A FLAP INTERNATIONAL

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Vamos conversar?
Precisando de ajuda?
Olá, podemos ajudar?