61 anos da primeira decolagem do Boeing 727

O projeto do Boeing 727 surgiu a partir de um pedido das empresas United Airlines, American Airlines e Eastern Air Lines. No entanto, cada tinha uma necessidade: a United queria um quadrimotor para operações em aeroportos de altitude elevada; já a Eastern queria trijato para seus voos ao Caribe; e a American queria um bimotor para ser mais eficiente. Mas a ideia principal, era uma aeronave menor que o 707, com capacidade de atender mercados com menor demanda e aeroportos com pistas menores.

A Boeing então decidiu por desenvolver um trijato e, ao lançar a aeronave, conquistou 40 encomendas iniciais da Eastern e United. Lord Douglas, então presidente da British European Airways (BEA), chegou a sugerir que a Boeing e a de Havilland Aircraft Company trabalhassem em conjunto no desenvolvimento do 727 e do Trident. Ambos com três motores e com design semelhante. A fabricante norte-americana acabou decidindo não seguir com a joint-venture.

A ideia inicial da Boeing era equipar o seu novo avião com motores Rolls-Royce RB163 Spey, mas, um pouco relutante, a fabricante optou pelo JT8D da Pratt & Whitney.

O rollout do primeiro 727-100 aconteceu em 27 de novembro de 1962. Meses depois, aconteceu o primeiro voo. Era um sábado, 9 de fevereiro de 1963, quando o protótipo do trijato realizou sua primeira decolagem. A certificação pela FAA foi conquistada em dezembro daquele ano e a Eastern Airlines, cliente lançadora do 727, realizou o primeiro serviço comercial da aeronave em 1º de fevereiro de 1964, conectando Miami, Washington DC e Filadélfia.

O 727 acabou se popularizando ao redor do mundo. Sua capacidade de operar em pistas menores atraiu o olhar de diversas empresas aéreas, como a TWA, Transbrasil, Lufthansa, Air Canada, Alaska Airlines, South African Airways, Northwest, All Nippon Airways, entre muitas outras.

O sistema de APU era um diferencial do 727, permitindo que o ar condicionado funcionasse sem a necessidade dos motores e que o acionamento dos motores acontecesse sem necessidade de um suporte de solo (GPU). A escada na seção traseira era outra praticidade do modelo, o tornando fácil de operar em aeroportos com menos infraestrutura.

Entre agosto e novembro de 1965, três 727-100 se acidentaram nos Estados Unidos, colocando em dúvida a segurança da aeronave e causando desconfiança nos passageiros. Poucos meses depois, em fevereiro de 1966, aconteceu o primeiro acidente com o modelo em outro país, envolvendo um exemplar da All Nippon Airways. No entanto, a FAA concluiu que não havia nada de errado com a aeronave e que as três ocorrências  nos Estados Unidos haviam sido causadas por erro dos pilotos.

Com o bom desempenho do modelo, a Boeing desenvolveu outras versões, incluindo a cargueira, Quick Change, Combi e também uma variante maior: o 727-200. A fuselagem alongada trouxe um aumento de capacidade para o trijato, agora podendo acomodar até 189 passageiros. A primeira entrega do modelo aconteceu em 1967 à Northeast Airlines.

O -200 também ganhou versão cargueira e o 727-200 Advanced, com novos motores ainda mais potentes e também melhor alcance. Conheça mais sobre as variantes do 727:

  • 727-100: introduzido pela Eastern Airlines, com capacidade para acomodar até 131 passageiros. Ao todo, 572 exemplares foram construídos.
  • 727-100C: versão Combi (passageiro + cargo) desenhada para acomodar 98 passageiros e quatro pallets de carga.
  • 727-100QF: versão conhecida como Quiet Freighter, que foi remotorizada com Rolls-Royce Tay especialmente para a UPS visando a redução de ruído do jato.
  • 727-200: variante alongada do 727-100, capaz de acomodar entre 149 e 189 passageiros.
  • 727-200 Advanced: introduzido em 1970 com motores mais potentes, mais capacidade de combustível e maior alcance. Foi a variante mais vendida do 727, com 935 unidades produzidas.
  • 727-200F Advanced: versão cargueira equipada com motores JT8D-17A. Somente 15 exemplares foram construídos, todos para a FedEx.

Por conta do alto ruído dos motores, o 727 era categorizado como Stage 2 pelo Noise Control Act dos EUA, que determinou a instalação do hush kit, visando redução de ruído na aeronave, passando assim para Stage 3. A aeronave chegou a ganhar uma versão remotorizada com o JT8D-200, que ficou conhecida como Super 27, mas menos de cinquenta 727 acabaram ganhando o novo motor, que era ainda mais silencioso.

Ao todo, 1.831 exemplares do 727 (somando todas as variantes) foram produzidos e o último construído deixou as instalações da Boeing, em Renton, em 1984. À sua época, o 727 bateu o recorde de jato mais vendido da história, mas acabou perdendo o posto posteriormente para o 737.

727 no Brasil

O Boeing 727 fez bastante sucesso em território brasileiro e até hoje continua em operação no país. A Cruzeiro foi a primeira brasileira a se interessar pelo trijato da Boeing, mas a Varig foi a responsável por introduzi-lo por aqui com a chegada do PP-VLF e PP-VLG, em outubro de 1970. A partir de então, a aeronave ganhou vários outros operadores no país: Transbrasil, Vasp, TAF, Varig Log, Rio Cargo, Sideral Air Cargo, Cruzeiro, Itapemirim, Digex, Total Cargo, TNT Sava, FLY, Air Vias, VaspEX, TABA, Air Brasil, ATA, Platinum Air e TGA Tropical.

A Vasp foi a primeira a receber a versão -200 com a chegada do PP-SNE e o PP-SNF em 1977. Em 1982, o 727 vivia seu auge no Brasil, com 46 exemplares em atividade registrados no país. A Transbrasil foi a maior operadora do modelo na América Latina, chegando a ter 20 em sua frota, e a Total Cargo é a única operadora do 727 restante atualmente no Brasil, com três exemplares.

Conheça os três Boeing 727 ainda em operação no Brasil

 

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