Rotas históricas: os voos entre Brasil e Japão na década de 90

Décadas atrás, era possível voar entre o Brasil e o Japão embarcando em empresas aéreas brasileiras ou japonesas, que realizavam longas jornadas, como a Real na década de 60, que partia do Rio de Janeiro parando em Brasília, Manaus, Bogotá, Cidade do México, Los Angeles, Honolulu, Wake Island e finalmente Tóquio. Nesse mesmo período a Japan Air Lines também tinha sua linha operando com o Douglas DC-6: Tóquio-Anchorage-Nova York-San Juan-Rio de Janeiro-Campinas. Verdadeiras odisseias.

Com o lançamento de aeronaves a jato capazes de voar longas distâncias, o trajeto entre as localidades foi diminuindo, passando a acontecer de forma mais rápida e, na década de 90, três empresas aéreas atuavam no mercado Brasil-Japão: Varig, Japan Airlines e Vasp.

  • Varig

Foto: Gianfranco Beting

Nos anos 90, voar ao Japão não era novidade para a Varig, que já contava com anos de experiência conectando os países. Em 1991, a empresa ampliou sua presença no país asiático lançando voos para Nagóia, complementando os já existentes voos da companhia para Tóquio. Veja os itinerários dos voos da empresa em 1991:

  • RG832: saía do Brasil às quartas-feiras e chegava no Japão às sextas-feiras
    • GIG (20h15) -> GRU (21h15) –
    • GRU (22h30) -> LIM (1h) +1
    • LIM (2h) -> LAX (7h)
    • LAX (8h50) -> NRT (13h30) +1
  • RG830: saía do Brasil às segundas-feiras e aos sábados e chegava no Japão às quartas-feiras e às segundas-feiras
    • GIG (21h45) -> GRU (22h45)
    • GRU (23h45) -> LAX (7h) +1
    • LAX (8h50) -> NRT (13h30) +1
  • RG834/JL066 (operado em joint-venture com a JAL): saía do Brasil às quintas-feiras e chegava no Japão aos sábados
    • GIG (21h45) -> GRU (22h45)
    • GRU (23h45) -> LAX (7h) +1
    • LAX (8h50) -> NRT (13h30) +1

Em 1993, a empresa contava com seis voos semanais entre as localidades, alguns operados em joint-venture com a Japan Airlines.

A rota para Nagóia também era efetuada via Los Angeles:

RG838/839 Galeão – Guarulhos – Los Angeles – Nagóia ativo de 1991 até 2004

Para realizar tais operações, a Varig contava com tripulantes baseados em Los Angeles.

Ao longo dos anos 90, a maioria dos voos da Varig entre Brasil e Japão foi realizada pelo Boeing 747-300, com o MD-11 substituindo o quadrimotor somente no final da década e início dos anos 2000. Poucas alterações aconteceram nestas linhas da Varig entre 1990-1999.

  • Vasp

Foto: Gianfranco Beting

A década de 90 foi um momento marcante na história da Vasp: a empresa incorporou dez MD-11 entre 1992 e 1998, transformando sua então simples malha de voos internacionais em uma potência, com conexões para Atenas, Madri, Barcelona, Seul, Nova York, entre outras, incluindo Osaka.

A chegada da companhia na terra do sol nascente aconteceu em 27/07/1996 com decolagens de Guarulhos às segundas e sextas-feiras. O trecho da Vasp ao Japão também contava com paradas intermediárias em Los Angeles.

Em 1997, um MD-11 da aérea brasileira estava em aproximação final em Los Angeles procedente de Osaka e quase colidiu com um Boeing 747 da KLM. Os pilotos do quadrimotor precisaram fazer uma manobra de emergência. A situação aconteceu por conta de um um engano do piloto brasileiro.

Com a desvalorização do real ante o dólar em 1999, a Vasp começou a devolver seus MD-11. Consequentemente, as rotas internacionais, incluindo a linha de Osaka, acabaram cortadas do mapa de rotas da empresa.

  • Japan Airlines

No finalzinho da década de 80, a Japan Airlines trocou o Rio por São Paulo e passou a utilizar o Aeroporto Internacional de Guarulhos como sua base no Brasil. Os passageiros que seguiam até o Galeão eram transportados em voos da TransBrasil. Veja o itinerário da empresa no Brasil em 1990:

  • JL064: partia do Brasil às terças e quintas e chegando no Japão às quintas e aos sábados
    • GRU (22h35) -> LAX (7h50) +1
    • LAX (10h) -> NRT (13h20) +1

A empresa ainda contava com o JL066/67 em joint-venture com a Varig.

Ao final dos anos 90, a crise cambial que fez com a Vasp devolvesse seus MD-11, também trouxe mudanças nas operações da Japan Airlines no Brasil. A empresa decidiu trocar Los Angeles por Nova York como parada intermediária, mas ao invés de reduzir por conta da crise, aumentou de duas para três ligações semanais. O novo voo contava com uma quarta parada: Tóquio-Nagóia-Nova Iorque-Guarulhos. Naquele momento, o code-share com a Varig havia sido desfeito. Outra mudança foi a padronização da aeronave que cumpria o trecho, introduzindo o Boeing 747-400, conhecido como Skycruiser, na rota para Guarulhos. O quadrimotor acomodava 314 passageiros, sendo 14 na primeira classe, 82 na executiva e 218 na classe econômica.

A Japan Airlines deixou de voar para o Brasil em 2010.


Por fim, a década de 90 terminou com a Japan Airlines e com a Varig atendendo voos entre Brasil e Japão.

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