Qual fabricante de motor irá atender o programa do jato supersônico Overture?

A resposta até o momento é uma grande incógnita. Isto porque depois da saída da Rolls-Royce do programa Overture da Boom Supersonic, três outros fabricantes indicaram que não têm interesse em desenvolver motores para aeronaves civis supersônicas, deixando em dúvida sobre qual empresa irá dar continuidade no programa do jato. A Boom está desenvolvendo o Overture, um avião quadrijato que deverá transportar de 65 a 80 passageiros, voando a Mach 1,7 e terá alcance de 4.250 nm (7.871 km). A primeira entrega está prevista para 2029. No entanto, ainda não há fornecedor de motores. Essa questão foi colocada em foco na semana passada, quando a Rolls-Royce anunciou que estava saindo do projeto após concluir os estudos de engenharia contratados.

A GE Aviation foi cotada para entrar no programa Overture usando uma versão do motor Affinity em que está desenvolvendo para alimentar um jato executivo supersônico que está sendo desenvolvido pela extinta Aerion, uma empresa americana que faliu em maio de 2021 em meio a dificuldades financeiras. Mas o fabricante do motor se exclui: “O supersônico civil não é um segmento que estamos buscando atualmente”, diz a GE Aviation.

Outra empresas capaz de desenvolver tal propulsão – Pratt & Whitney – se recusa a comentar sobre o programa Overture. Mas um alto executivo da P&W enfatiza que a empresa continua focada em motores subsônicos. “Não adicionamos [supersônico civil] à nossa estratégia geral de negócios”, diz Graham Webb, diretor de sustentabilidade da P&W. Ele chama as aeronaves civis supersônicas de “tangenciais” ao mercado principal da P&W e cita preocupações com a eficiência. De fato, um relatório da ICAO de 2022 cita um estudo mostrando que aeronaves supersônicas de passageiros usariam 7-9 vezes mais combustível por passageiro, por quilômetro, do que jatos subsônicos que queimam combustível fóssil.

Analistas da indústria dizem que poucos outros fabricantes de motores poderiam assumir o projeto Overture. “Ninguém mais pode fazer um motor nesta classe, de forma realista, embora Honeywell e Safran não sejam inconcebíveis”, diz Richard Aboulafia da AeroDynamic Advisory. Mas essas empresas também estão aparentemente fora. “Honeywell não tem planos agora para desenvolver um motor supersônico para aeronaves civis”, diz.

A Honeywell fabrica turbofans para jatos executivos e aeronaves de treinamento/ataque leve M-346 da Leonardo. “O supersônico não faz parte da estratégia de propulsão comercial da Safran Aircraft Engines”, acrescenta o fabricante francês de motores. A Safran detém uma grande fatia do mercado de turbofans civis por meio de sua joint venture CFM International com a GE, que produz motores Leap para aeronaves estreitas da Airbus e Boeing.

Em junho de 2021, a United assinou um “acordo comercial” – que incluía um depósito por um valor não divulgado – para comprar 15 aeronaves Overture. Já a American disse que também pagou um “depósito não reembolsável” – também não disse quanto – como parte de um acordo para comprar até 20 dos jatos. Os outros parceiros da Boom incluem a Safran Landing Systems, a Collins Aerospace, a empresa de sistemas de combustível Eaton e a Northrop Grumman, que está ajudando com uma variante militar.

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