PP-VMA: o primeiro widebody do Brasil

Até a década de 60, todas as aeronaves em operação no planeta eram de corredor único, conhecidas como narrowbody. Em 1969, o Boeing 747 chegou ao mercado. Com dois andares e dois corredores, o quadrimotor passou a ser a primeira aeronave widebody na história da aviação. Na época, outros modelos estavam em desenvolvimento, como o DC-10, que realizou seu primeiro voo no ano seguinte, em 1970. Capaz de acomodar até 300 passageiros, a McDonnell Douglas criou o trijato para concorrer com o 747 e também com o Lockheed Tristar.

Com maior capacidade e melhor autonomia, os widebodies passaram a oferecer também mais conforto aos passageiros. Diversas companhias aéreas aderiram aos jatos, principalmente para realizar voos de longo curso. Esse foi o caso da Varig, que introduziu as aeronaves de fuselagem larga no Brasil.

O Pioneiro

Na década de 70, a Varig utilizava doze Boeing 707s e um único DC-8 para a realização de seus voos de longa distância. Ambos os modelos de corredor único. Em 1972, a companhia encomendou suas primeiras unidades do DC-10, buscando substituir sua frota de 707.

Dois anos mais tarde, em 30 de maio de 1974, pousou no Brasil o primeiro DC-10 da empresa, marcando assim a introdução dos widebodies no País.

De matrícula PP-VMA, o Pioneiro deixou a fábrica de Long Beach, na Califórnia, onde uma cerimônia de entrega aconteceu, e voou direto até sua nova casa: o Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. A bordo, diversos convidados ilustres trouxeram clima de festa ao voo.

Foto: Acervo Flap

O ‘VMA’ realizou seu primeiro em novembro de 1973. Era um DC-10 da série 30 (Intercontinental) com alcance médio de 9.429 km, bastante superior à versão DC-10-10, que voava cerca 6.110 km, e era equipado com três motores General Electric CF6-50C.

A aeronave chegou ao Brasil configurada para acomodar 251 passageiros em duas classes: 30 na Primeira Classe (layout 2-2-2) e 221 na Econômica (layout 2-4-2).

Em 24 de junho de 1974, a Varig estreou seus voos regulares com o modelo, operando os voos RG744/745 na linha Rio-Lisboa-Frankfurt-Copenhagen. Naquele mês, chegou a segunda unidade, o PP-VMB, que posteriormente estreou na malha da companhia, em 1º de julho de 1974, na rota Rio-Nova York, operando o RG860/861.

A empresa fechou aquele ano com três DC-10s em sua frota e chegou a voar 15 unidades do modelo, de forma não simultânea, sendo que os dois últimos, PP-VMX e PP-VMY, chegaram em 1994, 20 anos após a entrega do PP-VMA.

A trajetória do PP-VMA

Na década de 80, a Varig mudou a configuração interna de seus DC-10, passando para 232 assentos, sendo 20 na Primeira Classe (2-2-2), 35 na Executiva (2-3-2) e 177 na Econômica (2-5-2).

Quando incorporado, o PP-VMA chegou ‘vestindo’ o primeiro padrão de pintura de rosa dos ventos da Varig. Em 1996, com a apresentação do novo visual, o trijato ganhou as novas cores da companhia, mas acabou voando pouco tempo com o esquema.

A empresa vendeu o exemplar em 1999 para a venezuelana AVENSA, onde voou como YV-51C até 2003. Entre 1999 e 2003, o trijato foi também arrendado algumas vezes pela norte-americana Pegasus Aviation.

Em maio de 2003, a aeronave continuou na Venezuela, mas agora pela pela Santa Barbara Airlines como YV-1052C, onde voou até 2005. Nesse mesmo ano, o jato foi definitivamente retirado de serviço e não encontrou um novo operador. Em 13 de dezembro de 2005, voou para o Aeroporto de Roswell, onde ficou estocado por dois anos, até ser desmontado em 2007.

Assim terminou a trajetória do primeiro widebody do Brasil.

Um abre alas

No ano em que o PP-VMA deixou de voar no Brasil, diversos outros widebodies já estavam em operação no País, como o Boeing 767 na Varig e TransBrasil, A330-200 na TAM Linhas Aéreas, o A300 na Vasp, Boeing 747 na Varig, A310 na Passaredo, DC-10 na Varig e Transair, Boeing 777 na Varig ou o MD-11 na Varig e na Vasp. Um abre alas e precursor da geração de aeronaves de duplo corredor no Brasil.

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