Maddog: 44 anos da primeira decolagem do MD-80

Com o sucesso da família DC-9, que concorria diretamente com o 737-200 e já contava com quase 900 unidades produzidas, a McDonnell Douglas começou a estudar uma nova atualização do modelo e anunciou a novidade em 1977. Nascia aí o DC-9-80 (DC-9 Series 80) ou Super 80, que depois passou a se chamar MD-80 e também ganhou o apelido de Maddog.

A fabricante lançou inicialmente a versão DC-9-81 e a Swissair foi a primeira empresa aérea a encomendar o modelo, com um pedido firme para 15 unidades mais 5 opções de compra. O motor escolhido para equipar o jato foi o JT8D-209 da Pratt & Whitney. Além de uma nova motorização, outra diferença notável entre a antiga e a nova geração do DC-9 era a fuselagem alongada: o DC-9 Serie 50, maior versão da antiga geração, tinha  40,7 m de comprimento e era capaz de acomodar até 139 passageiros, enquanto o Super 80 contava com longos 45 m de comprimento (praticamente o mesmo tamanho do A321) e podia acomodar até 172 passageiros. A área da asa foi aumentada em cerca de 27% em comparação com os antecessores e a aviônica e a cabine de comando também passaram por reformulações.

O rollout do primeiro protótipo aconteceu em Long Beach, Califórnia, onde eram situadas as instalações da McDonnell Douglas e o primeiro voo aconteceu algum tempo depois. Era uma quinta-feira, 18 de outubro de 1979, quando o jato de matrícula N980DC partiu de Long Beach, marcando a primeira decolagem do então novo jato da fabricante norte-americana.

A partir daí, se iniciou o processo de testes com modelo, que acumulou quase 1.000 horas de voo durante o período, que foi concluído em agosto de 1980 com a certificação da FAA. Na sequência, em 12 de setembro, a Swissair recebeu o exemplar de matrícula HB-INC, se tornando a cliente lançadora do Super 80. A companhia o colocou em serviço regular no mês seguinte e o voo de estreia foi entre Zurique e Londres (Heathrow).

Foto: Wikimedia

Depois do DC-9-81, a McDonnell Douglas lançou novas versões do jato com modificações nos motores, na capacidade de combustível, consequentemente com melhor alcance, além também de mudanças nos sistemas e na cabine de comando. Nasceram então as versões -82, -83, -87 e -88, que entraram em serviço, respectivamente, com a Republic Airlines em agosto de 1981, com a Alaska Airlines em fevereiro de 1985, com a Austrian Airlines em novembro de 1987 e com a Delta Air Lines em janeiro de 1988.

MD-87 Austrian. Foto: Wikimedia

A fabricante decidiu deixar de lado o designativo DC-9-80 em 1983 e renomeou sua nova família de MD-80, dando um ar mais fresh ao modelo. Confira mais detalhes sobre as diferentes variantes:

MD-81 MD-82 MD-83 MD-87 MD-88
Alcance máximo 2.854 km 3.742 km 4.572 km 5.400 km 4.637 km
Motorização JT8D-209 JT8D-217A JT8D-219 JT8D-217C JT8D-219
Comprimento 45,08 m 45,08 m 45,08 m 39,75 m 45,08 m
Configuração máxima 172 pax 172 pax 172 pax 130 pax 172 pax
Total produzidos 132 569 265 75 150

O MD-82 se consolidou como o mais popular da família com 569 unidades produzidas e o MD-87 se tornou o menos vendido, com apenas 75 exemplares construídos. Ao todo, 1.191 exemplares foram produzidos e o último foi entregue à TWA em 1999.

O Super 80 se popularizou principalmente na América do Norte, Europa e Ásia. Empresas como Allegiant Air (61 unidades), Alitalia (90 unidades), TWA (104 unidades), Spanair (64 unidades), Japan Air Systems (34 unidades), SAS (82 unidades), entre outras, foram grandes operadoras da família MD-80.

Foto: Wikimedia

Na África, Oceania e Américas Central e do Sul, várias empresas também utilizaram o modelo, como Aerolíneas Argentinas (7 unidades), Austral (26 unidades), Kulula (6 unidades), Compass Airlines (5 unidades), Avianca (18 unidades), 1time Airline (13 unidades), entre outras.

Foto: Wikimedia

A maior operadora na história do Super 80 foi a American Airlines, que chegou a ter 383 unidades, não simultaneamente, sendo 270 do MD-82, 108 do MD-83 e cinco MD-87 herdados da Reno Air. A companhia deixou de operar com o  jato em setembro de 2019.

Foto: Wikimedia

No Brasil, a aeronave da McDonnell Douglas passou praticamente despercebida e apenas a Cruzeiro operou com um MD-82, o PP-CJM, em caráter experimental por pouco mais de 3 meses.

Hoje, 44 anos após sua primeira decolagem, a família MD-80 está ficando cada vez mais rara, com cerca de 100 exemplares em atividade ao redor do planeta. O jato ainda é popular na Venezuela, onde as empresas Rutaca, Aeropostal, Laser Airlines, Albatros Airlines e Venezolana o utilizam em voos comerciais com passageiros, e no Irã, que é atualmente o país com maior número de MD-80 ativos no mundo. São 48 exemplares, todos também designados para voos comerciais com passageiros.

Kish Air e Caspian Airlines no Irã. Foto: Wikimedia

Nos Estados Unidos, ainda existem pouco mais de 25 voando, mas a grande maioria como cargueiro ou em voos fretados. A única linha regular de passageiros atualmente disponível com o MD-80 a partir dos EUA é Miami-La Romana com a RedAir da República Dominicana, que possui três MD-82. México, Indonésia, Congo, Quênia, Nigéria, Bulgária, Quirguistão e Eswatini são países onde ainda existem Super 80s ativos.

Foto: Fábio Passalacqua
  • Para finalizar, uma curiosidade: o MD-80 foi apelidado de ‘Maddog’ / ‘Mad Dog’ (cachorro louco, em português) por conta de suas iniciais ‘MD’, devido ao seu alto som e por conta de sua decolagem com grande ângulo de inclinação, lembrando um “foguete”.

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