Há 35 anos, acontecia o sequestro do voo Vasp 375

Era quinta-feira, 29 de setembro de 1988, quando o Boeing 737-300 de matrícula PP-SNT decolou por volta das 9h da manhã de Belo Horizonte para o Rio de Janeiro (Galeão). A bordo, 105 ocupantes, incluindo passageiros e tripulantes.

O Vasp 375 era um voo de rotina que partia de Porto Velho para o Rio de Janeiro e contava com paradas intermediárias em Cuiabá, Brasília, Goiânia e Belo Horizonte. No último trecho, o passageiro identificado como Raimundo Nonato Alves da Conceição embarcou no Aeroporto de Internacional de Confins portando uma arma.

Os comissários iniciavam o serviço de bordo quando Raimundo Nonato levantou de seu assento e se dirigiu à cabine de comando. Um dos tripulantes o alertou que aquela não era a porta do banheiro, e o maranhense o surpreendeu com um revólver calibre 32 carregado. A segurança nos aeroportos naquela época era frágil. Nonato atirou, o comissário desviou, mas o tirou pegou de raspão em seu rosto e orelha. Iniciava-se aí o sequestro do voo 375 da Vasp.

Recém-desempregado, Raimundo Nonato tinha um objetivo: jogar o 737 no Palácio do Planalto. Na época, o país atravessava uma crise econômica, e o sequestrador culpava o então presidente José Sarney pela situação.

Após atirar no comissário, Nonato começou a atirar na porta da cabine. O comandante Fernando Murilo de Lima e Silva pediu que o copiloto Salvador Evangelista abrisse a porta enquanto ele selecionava o código 7500 no transponder, que se refere à interferência ilícita.

Raimundo Nonato entrou na cabine ordenando que o comandante alterasse a rota do voo para Brasília, avisando seu objetivo de atingir o Palácio do Planalto. Em seguida, o Cindacta respondeu ao alerta de interferência ilícita pedindo mais detalhes, e Evangelista se abaixou para responder à chamada. Nesse momento, Nonato disparou um tiro na cabeça do copiloto, que morreu imediatamente.

O jato foi direcionado para a capital federal, mas o comandante fez o sobrevoo no local acima das nuvens justamente para o sequestrador não localizar o seu alvo. Dois caças da FAB acompanhavam o bimotor da Vasp, com ordem para abatê-lo em caso de uma aproximação perigosa.

O combustível já estava acabando; Nonato agora exigia que Lima e Silva seguisse com a aeronave para São Paulo. Nesse momento, o comandante realizou diversas manobras, como um tonneau (em que o jato ficou de “cabeça para baixo”), seguido de um mergulho, com o intuito de desequilibrar o sequestrador. O plano funcionou: Lima e Silva conseguiu pousar no Aeroporto de Goiânia por volta das 13h. Mas o sequestro não acabou por aí.

Nonato liberou os feridos e permaneceu com cerca de 90 reféns, incluindo o comandante. Ele exigia uma outra aeronave, com tripulação, para levá-lo até Brasília. Eram 18h quando o sequestrador desceu da aeronave segurando Lima e Silva como escudo; no entanto, acabou sendo acertado com três tiros pelos atiradores de elite e morreu alguns dias depois.

A ocorrência marcou a aviação brasileira e se tornou um longa-metragem, marcado para estrear nos cinemas em dezembro deste ano. Assista ao trailer:

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