Pan Am 6: o pouso do Clipper Sovereign nas águas do Pacífico

O voo Pan Am 6 era uma rota ao redor do planeta com múltiplas paradas, que decolou de Filadélfia, em 12 de outubro de 1956, para Londres Heathrow. A longa jornada ainda passou por Frankfurt, Beirute, Karachi, Rangoon, Bangkok, Hong Kong (Kai Tak), Tóquio, Honolulu e, por fim, São Francisco. Até Honolulu, a operação foi realizada por um Douglas DC-6B. A aeronave escalada para cumprir o último trajeto, que tinha duração prevista de quase 9h, foi o Boeing 377 Stratocruiser de matrícula N90943, que tinha o nome de batismo Clipper Sovereign Of The Skies. 

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Foto: Wikimedia

Sob os comandos de Richard N. Ogg e de George L. Haaker, o quadrimotor partiu do Havaí às 20h26 (local) do dia 15/10/56. A bordo, 31 ocupantes, sendo 24 passageiros e sete tripulantes. Ao passar pelo “Ponto de Tempo Igual”, conhecido dramaticamente como “The Point of No Return” (ponto em onde o tempo de voo para o destino é igual ao de retornar à origem), cerca de 4h38min em voo, os pilotos solicitaram subir ao FL210, conforme o programado.

À 1h19 da madrugada, a aeronave atingiu a altitude de 21.000 pés. Nesse momento, o motor 1 apresentou uma falha e sua rotação excedeu os limites do tacômetro, colocando em risco a estrutura das hélices, que poderiam se despedaçar. O primeiro oficial, George L. Haaker, imediatamente reduziu a velocidade do Stratocruiser, no entanto, a medida não resolveu o problema: a hélice continuou girando em alta rotação. Sem conseguir embandeirar a hélice, o comandante Richard N. Ogg decidiu então cortar o suprimento de óleo no motor. A medida fez com que o motor parasse, mas a hélice continuou girando. Isso gerou um grande arrasto e os outros três motores precisaram ser colocados em alta potência para que o quadrimotor mantivesse a altitude. A situação começou a piorar quando o motor 4 começou a falhar e precisou ser desligado. Eram 2h45 da madrugada e o Clipper Sovereign começava a perder altitude, descendo em direção ao Pacífico.

Com apenas dois motores funcionando, o quadrimotor poderia voar a apenas 259 km/h. O navegador do voo, Richard L. Brown, fez os cálculos e a notícia não era boa: eles não iriam conseguir chegar a São Francisco com aquelas condições e ficariam sem combustível a cerca de 400 km do continente. O comandante Ogg declarou então “Pan Am 6, emergência sobre o Pacífico”.

Naquela época, a Guarda Costeira dos Estados Unidos mantinha uma embarcação de designativo cortador de alta resistência entre o Havaí e a Califórnia, que funcionava como ponto de apoio aos voos transoceânicos, fornecendo informações sobre a meteorologia, comunicações de rádio e também estava a postos em caso de alguma emergência. Naquela noite, o navio responsável pela região era o USCGC Pontchartrain.

O comandante Ogg notificou o Pontchartrain que deveria realizar um pouso forçado próximo da embarcação. Contudo, a tripulação decidiu esperar o nascer do sol para o pouso, já que o resgate dos ocupantes poderia acontecer de forma mais eficiente, e a aeronave ficou então realizando círculos próximos do navio, inicialmente a uma altitude de 2.000 pés e depois 5.000 pés. Atrasar a aterrissagem no mar faria o avião consumir mais combustível, o deixando mais leve e permitindo mais tempo de flutuação. Os pilotos também aproveitaram para efetuar algumas aproximações “teste” para se certificar de que a aeronave estaria controlável em baixa velocidade.

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Às 5h40 da manhã, o comandante confirmou ao Pontchartrain que agora estava se preparando para o pouso. As comissárias instruíram e prepararam os passageiros e às 6h15 da manhã Clipper Sovereign tocava as águas do Pacífico. Uma das asas atingiu uma onda, o que fez com que o Boeing 377 girasse quase 180º e a seção traseira do quadrimotor se soltou do restante da fuselagem.

Boeing N90943 3 no mar

Todos os 31 ocupantes sobreviveram e foram resgatados em segurança. Os destroços do N90943 terminaram de afundar por volta das 6h35 (local)

Os membros da tripulação receberam honras e elogios após a conduta de toda a situação e o pouso bem-sucedido.

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