Fórum da ALTA começa com pautas sobre retomada e sustentabilidade

Começou hoje, em Buenos Aires, a 18ª edição do ALTA AGM & Airline Leaders Forum, com a participação de diversos segmentos da indústria aeronáutica. No primeiro dia, houve discussões e painéis que trataram principalmente da recuperação do setor pós-pandemia e do futuro da aviação sustentável.

Na abertura, discursaram José Ricardo Botelho, CEO da Alta, Paola Tamburelli, administradora da agência de aviação civil argentina, e Roberto Alvo, CEO da LATAM Airlines e diretor-executivo da ALTA (foto).

Os três destacaram o esforço que as companhias aéreas da América Latina tiveram e ainda têm para atravessar a pandemia. “A indústria da aviação na América Latina não recebeu uma ajuda sequer governamental, contudo em países desenvolvidos isso aconteceu”, afirma Roberto Alvo.

Segundo o executivo, um dos pilares da aviação que a salvou foi o setor de cargas. “As autoridades estavam corretas em fechar as fronteiras para os passageiros, enquanto não havia restrições para carga”. Para ele, a falta de passageiros foi sustentada pelo transporte de cargas. “Hoje esse setor é essencial para a saúde financeira das companhias aéreas. E ele continuará a crescer como antes da pandemia”.

Outro assunto debatido foi a produção de combustível sustentável para aviação (SAF) na América Latina. Para Roberto Alvo, a região pode ser tornar líder na produção, tanto de base biológica quanto sintética, porém, pondera que as empresas aéreas terão de buscar o combustível fora se não houver a política correta para desenvolvê-lo. “A região tem potencial, certamente um desafio muito grande também”.

Projeção da Boeing

A Boeing apresentou sua projeção para os próximos anos. Segundo a fabricante norte-americana, a frota da América Latina e Caribe deve se duplicar em 20 anos para atender o mercado. A demanda na região é de 2.240 novos aviões. Aeronaves de corredor único representam mais de 90% da demanda até 2041.

Para a empresa, a região tem se recuperado da crise pós-pandemia e já apresenta números crescentes superiores ao de antes da crise sanitária. Ela destaca que a geografia e a demografia da América Latina são fatores-chave para o uso de aviões.

“A América Latina mostrou uma recuperação completa das viagens aéreas, especialmente nos mercados internacionais. As companhias aéreas continuarão a enfrentar os desafios para tornar as viagens mais acessíveis e atraentes para os viajantes da região”, afirma David Franson, diretor regional de previsão de mercado da Boeing.

Mais da metade das entregas de novas aeronaves serão destinadas ao crescimento da aviação comercial em todo o continente. Em paralelo, os pedidos restantes serão usados para substituir os aviões mais antigos por modelos mais econômicos, como os 737 MAX, 777-X e 787.

A Boeing também prevê que o tráfego de passageiros deverá crescer 4,4% ao ano, e a demanda por serviços comerciais pós-venda, como manutenção e reparo, devem chegar a US$ 165 bilhões. A frota cargueira da América Latina deverá aumentar em 50%, com 160 aeronaves, em linha com as tendências globais de longo prazo na demanda de carga aérea.

Por fim, as companhias aéreas deverão contratar 118 mil pessoas, das quais 35 mil pilotos e 48 mil tripulantes de cabine nas próximas duas décadas.

Parceria sustentável

A Azul Linhas Aéreas anunciou que vai implementar o SITA eWAS Dispatch. É uma solução de rastreamento de voos e dados meteorológicos de última geração capaz de fornecer uma visão em tempo real da localização de cada aeronave e os riscos climáticos atuais e futuros.

A visualização desses dados trará maior eficiência operacional, resiliência climática e segurança, incluindo reduções anuais de até 153 toneladas de combustível e 488 toneladas de emissão de carbono.

Para a SITA, o eWAS Dispatch pode gerar economias de até US$ 600 mil ao operador da solução. Os benefícios da redução de carbono apoiam as ambições de sustentabilidade da Azul de ser “carbono zero” até 2050.

Sobre o evento

O ALTA AGM & Airline Leaders é um encontro que reúne as principais lideranças e os presidentes das companhias aéreas da América Latina para tratar dos desafios e oportunidades e como se preparar para o futuro do transporte aéreo. Participam também representantes de governos e autoridades de diversos países.

A conferência acontece entre os dias 16 e 18 de outubro em Buenos Aires, na Argentina. A Flap International é parceira oficial de mídia da ALTA.

(Rodrigo Cozzato, de Buenos Aires)

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