Companhias aéreas destacam dificuldades pós-pandemia

O segundo dia do ALTA AGM & Airline Leaders foi marcado por dirigentes de companhias aéreas explicando as dificuldades de ter uma operação minimamente rentável na América Latina. Já há algum tempo não existe restrição de viagens internacionais e em muitos países da região a recuperação da demanda por voos é alta.

Mas as empresas ainda sentem o duro golpe financeiro sofrido durante a pandemia de covid-19. Algumas andaram na contramão da crise com o transporte de cargas, mas muitas delas, menores, foram duramente afetadas com a falta de passageiros, o preço dos insumos e a demissão de funcionários. Com a retomada das viagens, muitas empresas ainda não podem oferecer a totalidade de suas ofertas, pois falta mão de obra.

O desafio é voltar a ofertar assentos a um preço justo para que a demanda também cresça. É o que espera a colombiana Avianca. “Após anos de muito desafio para o setor e em meio a um contexto volátil marcado por indicadores econômicos que nos desafiam novamente, o mercado exige mais do que nunca solidez, competitividade, diversificação e flexibilidade”, explica Adrian Neuhauser, presidente-executivo da empresa.

Neuhauser, que foi eleito presidente do comitê-executivo da ALTA, afirma que muitas vezes os altos impostos e um sem-fim de taxas podem superar o preço da passagem em si. Isso é o principal fator de custo, e também da perda de dinheiro para as companhias aéreas da região, que devem deixar de faturar US$ 3 bilhões este ano.

O executivo continua: “É uma região onde é difícil viajar, há um nível baixo de viagens per capita, mas não é mais luxo, é uma necessidade”. Para ele, mesmo com a forte retomada por voos, as companhias aéreas latinas não retomarão o nível pré-pandemia tão logo.

Mais da Avianca

Ainda no fórum da ALTA, a Avianca anunciou que abriu 20 novas rotas, domésticas e internacionais, desde a retomada pós-pandemia, e que há outras 50 programadas para 2023. Entre elas, a inédita Cartagena-Guarulhos, a partir de janeiro. A intenção da empresa é oferecer cada vez mais voos diretos entre cidades consideradas importantes e com bom volume de tráfego.

Com relação à frota, a Avianca tem hoje 102 aviões, do quais treze de longo curso. O objetivo da empresa é devolver aeronaves antigas à medida em que novas cheguem. Ela tem investido cada vez mais no Airbus A320neo, jato de corredor único utilizado também em voos internacionais dentro do continente. São aviões modernos, econômicos e eficientes.

Aerolíneas Argentinas

Além do anúncio da parceria com a Gol para a ponte aérea Guarulhos-Aeroparque, a Aerolíneas Argentinas informou estar satisfeita com o desempenho de seus sete Boeing 737 MAX. Tanto que a operadora prevê comprar mais dez unidades nos próximos três anos, dentro do plano de crescimento e renovação de frota. A empresa foi a primeira da América Latina a operar o tipo.

“É uma aeronave muito versátil. Tem um bom alcance para que possamos voar a destinos que não voávamos antes com um jato de corredor único”, afirma Pablo Ceriani, CEO da empresa. Os jatos são empregados para destinos como Peru e países da América Central.

A Aerolíneas prevê um crescimento de 5% ao ano a partir de 2023, quando esperar retomar as movimentações pré-pandemia. A empresa espera contar com os MAX para essa recuperação, mas também modernizar sua frota de longo curso, hoje de nove Airbus A330-200. Segundo Ceriani, a ideia é trocar alguns -200 pelos A330-900neo, mais novos, econômicos e eficientes.

Flybondi

A operadora de ultrabaixo custo Flybondi anunciou em dezembro do ano passado seu ousado “Plan 2X”, que previa dobrar seus principais indicadores em um ano. De lá pra cá, em dez meses, passou de quatro para oito Boeing 737-800, inaugurou quatro novos destinos domésticos, contratou mais de 60 pilotos e mais de 30 mecânicos. A empresa já conta com mais de mil funcionários e vai receber mais duas aeronaves em breve.

Antes da pandemia, com apenas um avião, a Flybondi detinha 8% do mercado doméstico argentino. Agora a fatia chega a 18%, mesmo com todos os desafios e os custos operacionais enfrentados pela empresa. Em setembro deste ano, transportou 87% a mais de passageiros do que o mesmo mês de 2019. Já é a segunda companhia aérea do país em capacidade e participação.

Os planos continuam ousados. A operadora pretende receber mais cinco aviões em 2023. A maior capacidade de assentos permitirá reforçar as frequências domésticas e internacionais, e se preparar para uma forte alta temporada de verão. A Flybondi voa para diversos destinos na América do Sul, entre eles São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis, Mendoza, Bariloche, Assunção, El Calafate, entre outros.

Sobre o Evento

O ALTA AGM & Airline Leaders é um encontro que reúne as principais lideranças e os presidentes das companhias aéreas da América Latina para tratar dos desafios e oportunidades e como se preparar para o futuro do transporte aéreo. Participam também representantes de governos e autoridades de diversos países.

A conferência acontece entre os dias 16 e 18 de outubro em Buenos Aires, na Argentina. A Flap International é parceira oficial de mídia da ALTA.

(Rodrigo Cozzato, de Buenos Aires)

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